Coprocessamento
Os fornos da indústria do cimento, pelas altíssimas temperaturas alcançadas no seu interior (até 2.000°C), representam uma alternativa amplamente difundida e reconhecidamente adequada e segura para a destruição térmica de resíduos industriais e passivos ambientais.
Nessa alternativa, conhecida como coprocessamento, a indústria aproveita resíduos como substitutos de combustível ou matéria-prima. Esse processo, além de dar uma destinação ambientalmente adequada a rejeitos de outras atividades, permite, ainda que parcialmente, reduzir o uso de combustíveis tradicionais não renováveis, como o coque de petróleo, o óleo combustível e o carvão mineral.
O coprocessamento de resíduos consegue destruir de forma ambientalmente correta e segura uma ampla gama de resíduos industriais, dos quais os principais são:
• Pneumáticos usados
• Borras oleosas, graxas, tintas e solventes
• Plásticos e borrachas
• Resíduos de madeira e serragem, papel e papelão
• Lodo de estações de tratamento de efluentes
• Terras contaminadas
• Grãos vencidos e carcaças de animais
O coprocessamento oferece diversas vantagens:
• Eliminação definitiva, de forma ambientalmente correta e segura, de diversos tipos de resíduos e passivos ambientais;
• Substituição de combustíveis fósseis não renováveis por combustíveis alternativos;
• Preservação de jazidas, pela incorporação dos compostos inorgânicos à estrutura do clínquer em substituição a parte das matérias-primas, sem nenhuma alteração das características e qualidade do produto;
• Contribuição à saúde pública, por exemplo, no combate aos focos de dengue com a destruição de pneus inservíveis.
• Redução das emissões de gases de efeito estufa, através do uso de combustíveis alternativos com menor emissão de CO2.
A queima de resíduos em fornos de cimento é amplamente explorada na Europa, Estados Unidos e Japão desde a década de 70. Atualmente, este combustível alternativo já representa cerca de 35% do consumo total de energéticos na União Europeia.
No Brasil, a atividade teve início na década de 90, nas regiões Sul e Sudeste, tendo sido regulamentada pelos órgãos ambientais do RS, PR, SP e MG e, em âmbito nacional, pela Resolução CONAMA 264/99.
O coprocessamento tem aumentado consideravelmente a partir dos anos 2000 no Brasil, porém ainda se encontra abaixo de países desenvolvidos, representando aproximadamente 9% da matriz de combustíveis utilizados na indústria do cimento.
Hoje, a atividade está espalhada em 18 Estados da Federação e das 57 plantas integradas que possuem fornos rotativos para a produção de clínquer, 38 são licenciados para o coprocessamento de resíduos.
Em 2015, foram coprocessados pela indústria do cimento nacional 1,07 milhão de toneladas de resíduos. Contudo, o setor possui um potencial total de destruição de aproximadamente 2,5 milhões de toneladas, o que representa uma importante alternativa para a redução do passivo ambiental resultante da crescente geração de resíduos e para a mitigação dos gases de efeito estufa.